1 – Definição de
Pecado
Pecado é tudo que
fazemos em desacordo com a vontade de Deus, contrário à Sua Palavra, em
desobediência aos seus mandamentos. O pecado é um ato de rebeldia: "Todo
aquele que pratica o pecado, também transgride a lei, pois o pecado é a
transgressão da lei" (1 Jo 3.4). Há duas palavras gregas, dentre outras,
para definir pecado: "HARMATIA" (transgredir, pecar contra Deus,
praticar o mal) e "ADIKIA" (iniquidade, maldade, injustiça).
O Pecado é uma ilusão e esta ideia (errônea)
assume várias formas de expressão. Nossa falta de conhecimento é a razão pela
qual temos a ilusão do pecado ou, quando a evolução tiver tido tempo suficiente
para nos ajudar a progredir, a ilusão do pecado desaparecerá. O Pecado é o eterno princípio do dualismo e
sendo o Mal uma entidade externa a Deus é independente dEle. O Pecado é o egoísmo e esta é a
definição ouvida com maior frequência. É bíblica, mas incompleta e
insuficiente. O Pecado é a violação da
Lei e esta definição também é bíblica, mas insuficiente, a não ser que o
conceito de lei seja estendido de modo a compreender todo o caráter de Deus. O Pecado é qualquer coisa contrária ao
Caráter de Deus.
Segundo o
Dicionário Popular de Teologia de Millard J. Erickson, pecado é qualquer ato,
atitude ou inclinação que deixa de alcançar ou cumprir plenamente os padrões da
retidão de Deus. Pode envolver uma transgressão real da lei de Deus ou uma
falha em viver de acordo com suas normas.
Segundo o
Dicionário de Teologia de Justo González, pecado é a barreira que separa os
homens de Deus, e que se interpõe entre quem somos e quem Deus deseja que
sejamos. Mesmo que na linguagem comum um “pecado” seja qualquer ação contra as
práticas da sociedade, a maioria da tradição cristã está consciente que o
pecado é tanto uma ação como uma condição. Como ação, o pecado é a violação
consciente da vontade de Deus, portanto, é possível falar de “pecados” no
plural e classificá-los conforme diversos critérios. Isso é o que geralmente é
conhecido por “pecado atual” – uma ação ou atitude que se rebela contra o que
se sabe ser a vontade de Deus. Porém, em seu sentido mais profundo, o pecado
não é uma ação nem uma atitude, mas uma condição em que os homens encontram-se
afastados de Deus e, por conseguinte, entre si e o restante da criação. Isso é
parte do que se indica por pecado original – uma condição em que todos nascemos
e da qual não podemos nos livrar por nós mesmos. Essa visão do pecado se
encontra na própria base do contraste entre o agostinianismo e do pelagianismo.
Pelágio tendia a pensar dos pecados como ações ou decisões contra a vontade de
Deus e, portanto insistia em que é possível não pecar. Em contraste, para
Agostinho, o pecado é um estado, uma condição na qual os pecadores se encontram
e da qual não podem livrar-se por seus esforços. Em tal condição, os homens têm
liberdade para escolher entre diversas opções, mas todas elas são pecados –
como diria Agostinho, o ser humano non
posse non peccare.
A redenção
é a ação pela qual Deus em Cristo vence o pecado e, portanto, cada
interpretação da obra de Cristo se relaciona com ênfase diferente ou com uma
dimensão particular com respeito ao pecado. Se, por exemplo, o pecado consiste
em romper a lei de Deus e, portanto, deve satisfação a Deus, a obra de Cristo
será vista como o pagamento da dívida que resulta do pecado humano. Se o pecado
consiste na alienação psicológica ou emocional de Deus, mostrar o caminho e
prover inspiração e guia. Se, por último, o pecado consiste em uma forma de
escravidão ou sujeição na morte e ao poder do próprio pecado, então Cristo será
o conquistador que vence os poderes que oprimiam a humanidade. Da mesma forma,
muitos teólogos da libertação, hoje, veem o pecado como uma realidade
inextricavelmente relacionada com as diversas formas de opressão e, portanto,
Cristo vem a ser o libertador.
Apesar do
consenso, que o pecado é uma condição antes de tornar-se ação, os teólogos nem
sempre estão de acordo quanto ao grau em que o pecado corrompe a natureza
humana. Nesse contexto, a doutrina calvinista da depravação total insiste que
as consequências do pecado são tais que não só toda ação humana leva o selo do
pecado, mas que nem sequer podemos discernir corretamente entre uma ação boa e
uma má. É somente mediante a graça – graça irresistível – que temos verdadeira
consciência da profundidade de nossa condição pecaminosa. Em contraste com
isso, muitos teólogos medievais – e com eles o catolicismo tridentino – ao mesmo
tempo em que afirmam que o pecado é uma condição, tendem a centrar sua atenção
sobre o pecado como ação. Cada ação pode ser externa, no caso de uma ação
física, ou também interna, no caso de atitudes de pecado. Considerando essa
visão de pecado, esses teólogos têm prestado grande atenção à tarefa de
classificar os pecados segundo sua gravidade. Tudo isso recebe importância
particular devido às necessidades pastorais relacionadas coma administração do
sacramento da penitência, quando é necessário assinalar um pagamento ou
satisfação adequada para pecado. Por isso, os pecados podem ser mortais ou
veniais, conforme sua gravidade. Outra tradição ou classificação dos pecados,
que remonta pelo menos até o século VII, oferece uma lista de sete “pecados
mortais”, em contraste com as sete virtudes. Esses sete pecados são o orgulho,
a avareza, a luxúria, a inveja, a glutonaria, a ira e a desídia. É importante
assinalar que em boa parte dessa discussão o pecado é visto como um problema
individual e que as dimensões sociais do pecado, que tem um lugar tão
importante na Bíblia, por um longo tempo ficaram ocultas sob suas dimensões
mais privadas, particularmente as que têm a ver com a sexualidade.
Um dos mais profundos problemas da
teologia e da filosofia é a existência e a ação do mal. Ao longo da História, o
mal tem sido motivo de estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas
também de maneira séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na
experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e
aguça o interesse em descobri-lo na sua essência.
Neste campo da realidade universal do
mal entra na História da raça humana através da primeira criatura: o homem.
Este, por seu livre-arbítrio, cai na rede de engano do agente do mal, o Diabo,
e pratica o pecado de rebelião contra o Criador.
O que é pecado? Como se manifesta?
Como entrou no mundo? Estas perguntas têm deixado muitos pensadores perplexos.
Trataremos da abordagem acerca do pecado e o que corretamente ensina a Bíblia
sobre o assunto. Vejamos abaixo:
2 – Pecado Original e Suas Consequências
O pecado original é o pecado herdado da
desobediência de Adão e Eva. O primeiro homem, como representante da raça
humana, corrompeu toda a humanidade ao transgredir a lei de Deus. O Senhor Deus
ordenou ao homem: "De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que
dela comeres, certamente morrerás". A mulher, dando ouvidos à serpente,
comeu do fruto da árvore proibida e cometeu o primeiro pecado da humanidade.
"Como semente gera semente da mesma espécie", nós, sementes de Adão,
herdamos a natureza pecaminosa. Assim, "por um só homem entrou o pecado no
mundo / pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". (Gn
2.16-17; 3.1-6; Rm 3.23; 5.12). A esperança é que se "pela desobediência
de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um,
muitos serão feitos justos". (Rm 5.19).
Três
aspectos importantes:
1. Aspecto psicológico: O
homem ao cair, caiu conscientemente: a sua inteligência esteve em ação no
momento da queda e no momento da tentação. A mulher achou que o fruto era
agradável (vontade – sentimento).
2. Aspecto moral: O
ser livre é responsável pelas obras que pratica. O homem foi criado por Deus
moralmente puro e livre. O pecado depende de uma ação que o homem faz ou deixa
de fazer. Pecado é um estado mal da alma. Pecado é tudo aquilo que prejudica o
homem física, moral e espiritualmente.
3. Aspecto espiritual: O
pecado separou o homem de Deus. A salvação – estabelece a comunhão. O pecado –
estabelece a separação. O pecado prejudica o homem para com Deus, para com o
seu próximo, e para consigo mesmo, pois o homem tem responsabilidade com Deus,
com o seu próximo e consigo mesmo, embora todo o pecado atinja Deus,
primeiramente.
As consequências do pecado original provocaram morte física –
mediata – na situação física e morte espiritual – imediata – na situação
espiritual. A hereditariedade do pecado – Rm 5:12,
19. O homem foi criado com a possibilidade de não pecar. Após o pecado, a
situação muda, pois o homem passa da possibilidade de não pecar, para a
impossibilidade de não pecar. (Rm 3:23).
O pecado é tanto um ato como um
estado. É um ato porque o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio,
desobedecer à lei de Deus, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um
estado pecaminoso porque o homem quebrou a comunhão e a relação com seu
Criador, separando-se dEle. Inevitavelmente, segue-se a prática do pecado o
juízo, ou seja, o castigo positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).
Genesis 4.7 - O pecado jaz a sua porta
O pecado não
é eterno
O pecado não
se origina na limitação do homem
O pecado não
se origina na sensualidade
O pecado se
originou no ato livre de Adão
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa De. Dicionário Teológico. 17. Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembleias de Deus, 2008.
ERICKSON, Millard J.
Dicionário Popular de Teologia. Tradução de Emirson Justino. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011.
GONZÁLEZ, Justo. Breve
Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2009.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras
em Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Batista Regular, 1997.