quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Preço do Pecado: “O pecado afasta o homem de Deus”



1 – Definição de Pecado
Pecado é tudo que fazemos em desacordo com a vontade de Deus, contrário à Sua Palavra, em desobediência aos seus mandamentos. O pecado é um ato de rebeldia: "Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei, pois o pecado é a transgressão da lei" (1 Jo 3.4). Há duas palavras gregas, dentre outras, para definir pecado: "HARMATIA" (transgredir, pecar contra Deus, praticar o mal) e "ADIKIA" (iniquidade, maldade, injustiça).
O Pecado é uma ilusão e esta ideia (errônea) assume várias formas de expressão. Nossa falta de conhecimento é a razão pela qual temos a ilusão do pecado ou, quando a evolução tiver tido tempo suficiente para nos ajudar a progredir, a ilusão do pecado desaparecerá. O Pecado é o eterno princípio do dualismo e sendo o Mal uma entidade externa a Deus é independente dEle. O Pecado é o egoísmo e esta é a definição ouvida com maior frequência. É bíblica, mas incompleta e insuficiente. O Pecado é a violação da Lei e esta definição também é bíblica, mas insuficiente, a não ser que o conceito de lei seja estendido de modo a compreender todo o caráter de Deus. O Pecado é qualquer coisa contrária ao Caráter de Deus.
Segundo o Dicionário Popular de Teologia de Millard J. Erickson, pecado é qualquer ato, atitude ou inclinação que deixa de alcançar ou cumprir plenamente os padrões da retidão de Deus. Pode envolver uma transgressão real da lei de Deus ou uma falha em viver de acordo com suas normas.


Segundo o Dicionário de Teologia de Justo González, pecado é a barreira que separa os homens de Deus, e que se interpõe entre quem somos e quem Deus deseja que sejamos. Mesmo que na linguagem comum um “pecado” seja qualquer ação contra as práticas da sociedade, a maioria da tradição cristã está consciente que o pecado é tanto uma ação como uma condição. Como ação, o pecado é a violação consciente da vontade de Deus, portanto, é possível falar de “pecados” no plural e classificá-los conforme diversos critérios. Isso é o que geralmente é conhecido por “pecado atual” – uma ação ou atitude que se rebela contra o que se sabe ser a vontade de Deus. Porém, em seu sentido mais profundo, o pecado não é uma ação nem uma atitude, mas uma condição em que os homens encontram-se afastados de Deus e, por conseguinte, entre si e o restante da criação. Isso é parte do que se indica por pecado original – uma condição em que todos nascemos e da qual não podemos nos livrar por nós mesmos. Essa visão do pecado se encontra na própria base do contraste entre o agostinianismo e do pelagianismo. Pelágio tendia a pensar dos pecados como ações ou decisões contra a vontade de Deus e, portanto insistia em que é possível não pecar. Em contraste, para Agostinho, o pecado é um estado, uma condição na qual os pecadores se encontram e da qual não podem livrar-se por seus esforços. Em tal condição, os homens têm liberdade para escolher entre diversas opções, mas todas elas são pecados – como diria Agostinho, o ser humano non posse non peccare.


A redenção é a ação pela qual Deus em Cristo vence o pecado e, portanto, cada interpretação da obra de Cristo se relaciona com ênfase diferente ou com uma dimensão particular com respeito ao pecado. Se, por exemplo, o pecado consiste em romper a lei de Deus e, portanto, deve satisfação a Deus, a obra de Cristo será vista como o pagamento da dívida que resulta do pecado humano. Se o pecado consiste na alienação psicológica ou emocional de Deus, mostrar o caminho e prover inspiração e guia. Se, por último, o pecado consiste em uma forma de escravidão ou sujeição na morte e ao poder do próprio pecado, então Cristo será o conquistador que vence os poderes que oprimiam a humanidade. Da mesma forma, muitos teólogos da libertação, hoje, veem o pecado como uma realidade inextricavelmente relacionada com as diversas formas de opressão e, portanto, Cristo vem a ser o libertador.



Apesar do consenso, que o pecado é uma condição antes de tornar-se ação, os teólogos nem sempre estão de acordo quanto ao grau em que o pecado corrompe a natureza humana. Nesse contexto, a doutrina calvinista da depravação total insiste que as consequências do pecado são tais que não só toda ação humana leva o selo do pecado, mas que nem sequer podemos discernir corretamente entre uma ação boa e uma má. É somente mediante a graça – graça irresistível – que temos verdadeira consciência da profundidade de nossa condição pecaminosa. Em contraste com isso, muitos teólogos medievais – e com eles o catolicismo tridentino – ao mesmo tempo em que afirmam que o pecado é uma condição, tendem a centrar sua atenção sobre o pecado como ação. Cada ação pode ser externa, no caso de uma ação física, ou também interna, no caso de atitudes de pecado. Considerando essa visão de pecado, esses teólogos têm prestado grande atenção à tarefa de classificar os pecados segundo sua gravidade. Tudo isso recebe importância particular devido às necessidades pastorais relacionadas coma administração do sacramento da penitência, quando é necessário assinalar um pagamento ou satisfação adequada para pecado. Por isso, os pecados podem ser mortais ou veniais, conforme sua gravidade. Outra tradição ou classificação dos pecados, que remonta pelo menos até o século VII, oferece uma lista de sete “pecados mortais”, em contraste com as sete virtudes. Esses sete pecados são o orgulho, a avareza, a luxúria, a inveja, a glutonaria, a ira e a desídia. É importante assinalar que em boa parte dessa discussão o pecado é visto como um problema individual e que as dimensões sociais do pecado, que tem um lugar tão importante na Bíblia, por um longo tempo ficaram ocultas sob suas dimensões mais privadas, particularmente as que têm a ver com a sexualidade.
Um dos mais profundos problemas da teologia e da filosofia é a existência e a ação do mal. Ao longo da História, o mal tem sido motivo de estudo, pesquisa e discussão, de modo especulativo, mas também de maneira séria. Haja vista o poder do mal impor-se de modo natural na experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o interesse em descobri-lo na sua essência.
Neste campo da realidade universal do mal entra na História da raça humana através da primeira criatura: o homem. Este, por seu livre-arbítrio, cai na rede de engano do agente do mal, o Diabo, e pratica o pecado de rebelião contra o Criador.
O que é pecado? Como se manifesta? Como entrou no mundo? Estas perguntas têm deixado muitos pensadores perplexos. Trataremos da abordagem acerca do pecado e o que corretamente ensina a Bíblia sobre o assunto. Vejamos abaixo:

2 – Pecado Original e Suas Consequências
O pecado original é o pecado herdado da desobediência de Adão e Eva. O primeiro homem, como representante da raça humana, corrompeu toda a humanidade ao transgredir a lei de Deus. O Senhor Deus ordenou ao homem: "De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás, pois no dia em que dela comeres, certamente morrerás". A mulher, dando ouvidos à serpente, comeu do fruto da árvore proibida e cometeu o primeiro pecado da humanidade. "Como semente gera semente da mesma espécie", nós, sementes de Adão, herdamos a natureza pecaminosa. Assim, "por um só homem entrou o pecado no mundo / pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". (Gn 2.16-17; 3.1-6; Rm 3.23; 5.12). A esperança é que se "pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos". (Rm 5.19).

Três aspectos importantes:
1. Aspecto psicológico: O homem ao cair, caiu conscientemente: a sua inteligência esteve em ação no momento da queda e no momento da tentação. A mulher achou que o fruto era agradável (vontade – sentimento).
2. Aspecto moral: O ser livre é responsável pelas obras que pratica. O homem foi criado por Deus moralmente puro e livre. O pecado depende de uma ação que o homem faz ou deixa de fazer. Pecado é um estado mal da alma. Pecado é tudo aquilo que prejudica o homem física, moral e espiritualmente.
3. Aspecto espiritual: O pecado separou o homem de Deus. A salvação – estabelece a comunhão. O pecado – estabelece a separação. O pecado prejudica o homem para com Deus, para com o seu próximo, e para consigo mesmo, pois o homem tem responsabilidade com Deus, com o seu próximo e consigo mesmo, embora todo o pecado atinja Deus, primeiramente.
As consequências do pecado original provocaram morte física – mediata – na situação física e morte espiritual – imediata – na situação espiritual. A hereditariedade do pecado – Rm 5:12, 19. O homem foi criado com a possibilidade de não pecar. Após o pecado, a situação muda, pois o homem passa da possibilidade de não pecar, para a impossibilidade de não pecar. (Rm 3:23).
O pecado é tanto um ato como um estado. É um ato porque o homem mesmo preferiu, de seu livre-arbítrio, desobedecer à lei de Deus, rebelando-se contra Ele. Porém, o pecado implica um estado pecaminoso porque o homem quebrou a comunhão e a relação com seu Criador, separando-se dEle. Inevitavelmente, segue-se a prática do pecado o juízo, ou seja, o castigo positivo (Gn 2.17; Rm 6.23).



Genesis 4.7 - O pecado jaz a sua porta
O pecado não é eterno
O pecado não se origina na limitação do homem
O pecado não se origina na sensualidade
O pecado se originou no ato livre de Adão



Ministério JoRoCar


REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa De. Dicionário Teológico. 17. Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2008.
ERICKSON, Millard J. Dicionário Popular de Teologia. Tradução de Emirson Justino. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
GONZÁLEZ, Justo. Breve Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2009.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Batista Regular, 1997.



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